EAD do nosso jeito

Teorias humanistas

Carls Rogers

Carls Rogers considera que "o único homem educado é o homem que aprendeu a aprender (...) que percebe que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de buscar conhecimento dá alguma base para segurança." (OSTERMANN, 2010)

Qualificações do facilitador

Segundo AZEVEDO (2005), para Carls Rogers o facilitador deve possuir três qualificações -- autenticidade, apreço (a aceitação e confiança) e a compreensão empática:

A mais importante de todas [as qualidades] é a autenticidade (...) o facilitador precisa aprender primeiramente a ser autêntico consigo mesmo e, só depois, expor aos alunos seus limites, suas dificuldades. É necessário deixar cair a máscara do educador bonzinho, compreensivo, tolerante; ser verdadeiro sem transferir suas próprias frustrações para os alunos. É preciso se mostrar pessoa como eles também são: com defeitos e qualidades, sentimentos e desejos, alegrias e tristezas. Um ser real e comum com sua própria história de vida. Essa transparência conquista a confiança e o respeito dos educandos.

A segunda qualificação é o apreço, a aceitação e confiança. Isto significa ter carinho pelo estudante, por tudo que ele representa; considerar suas ações e reações, e aceitá-los como pessoas reais como você. O facilitador confia neste ser em transformação, que possui qualidades e defeitos, em busca de satisfazer suas aspirações desejos e ansiedades, como qualquer ser humano.

A terceira qualificação é a compreensão empática, que ocorre quando o facilitador deixa o julgamento de lado e compreende o educando, tornando a aprendizagem significativa. Quem possui esta habilidade não classifica o aluno, antes, integra-o ao grupo. Possui a capacidade de olhar o outro de seu ponto de vista e isso será de extrema importância para a aprendizagem. Se colocar na posição do outro, olhar através do ponto de vista do estudante, são fatores fundamentais para a aproximação do facilitador e do aluno.

Avaliação do aluno

Sobre a avaliação do aluno, Carl Rogers defende que o aluno deve aprender a ser aprendiz, tornando-se um ser independente, criativo e autoconfiante, e o caminho para isto é ocorre quando a autocrítica e a auto-avaliação são básicas e a avaliação por outros tem importância secundária (AZEVEDO, 2015).

Uma vez que a autoavaliação faz parte do processo de aprendizagem, o aluno aprende a estabelecer critérios e objetivos a serem alcançados durante o percurso e verifica se eles foram alcançados. O professor utiliza esta autoavalição do aluno para avalilá-lo (AZEVEDO, 2005).

Relato de experiência

Como prática desta teoria, temos o Relato de uma experiência na Escola Lumiar (AZEVEDO, 2005):

Nessa escola o educador não é aquele que apenas transmite conhecimento às crianças. (...) Cada educador é responsável por doze crianças que se movimentam e tem acesso a qualquer dependência da escola. (...)

A Lumiar, por ser uma escola democrática, prepara os educandos a exercerem a democracia na prática, pois são em assembléias semanais que eles determinam as regras de convivência, fazem suas reivindicações e solucionam os problemas do cotidiano. Nessa assembléia, todos podem falar, exercer o direito ao voto, e respeitam a decisão da maioria. Definem também as punições para os que virem a desrespeitar as regras de convivência.

(...) O plano pedagógico da escola é definido de acordo com o PCN. O que o diferencia das outras escolas é a forma de executá-lo. Por exemplo: toda escola tem o direito à autonomia de gestão; a Lumiar exerceu este direito rompendo com o sistema de ciclos sugerido pelo PCN, adotando o sistema de grupos de pesquisa por meio de projetos.

Todo conteúdo a ser ministrado aos educandos será executado por projetos, que tem a duração de três meses. Os projetos são interdisciplinares e elaborados por mestres que tenham, naquele ofício uma grande paixão. (...) Esses projetos são feitos para respeitar a ritmo de cada educando, já que os grupos não são definidos por faixa etária e sim por grupo de afinidade.

O aluno não é obrigado a participar dos projetos. Ele será despertado para a importância de cada projeto em sua vida estudantil, mas nunca obrigado a freqüentá-lo. A escolha não vem dos pais, nem dos professores e sim dele mesmo. Mas ao escolhê-lo ele terá que seguir regras pré-definidas. Terão direitos e obrigações a serem cumpridos. Dessa forma, eles estão sendo preparados para assumirem responsabilidades.

Os alunos podem transitar por toda escolha e usar suas dependências quando quiserem. Em alguns espaços, devem seguir algumas regras que facilitam a convivência. Um bom exemplo dessas regras são os laboratórios de informática e ciências. (...)

A avaliação do mestre e a auto-avaliação é feita durante o processo de aprendizagem, observando se os objetivos de ambos foram ou não alcançados .

A cada dois meses é realizada uma assembléia com todos os que colaboram para o desenvolvimento da escola (...) O objetivo desta reunião é que todos possam interferir no processo de gestão.

A Lumiar e a Escola da Ponte são escolas democráticas, que preparam as crianças para a vida pessoal e profissional. As crianças são ensinadas: o respeito mútuo, a paciência e o compartilhar das vidas. Essas crianças sentem-se capazes de tomar decisões importantes em suas vidas e aprendem a ser responsável por essas decisões, dando certo ou não.

Referências

AZEVEDO. Elisa de Mello Kerr. Concepção de Carl Rogers sobre aprendizagem. 2005. Disponível em http://elisakerr.wordpress.com/concepcao-de-aprendizagem-de-carl-rogers/

OSTERMANN, Fernanda. CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de Aprendizagem. 2010. Disponível em http://www.ufrgs.br/uab/informacoes/publicacoes/materiais-de-fisica-para-educacao-basica/teorias_de_aprendizagem_fisica.pdf